sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Opção ou falta dela?

O que será que dizem os especialistas em mente humana sobre a capacidade que temos de fantasiar (às vezes até maquiando nossas dores e traumas) a realidade em que vivemos?

Não ter um namorado pode muito bem ser uma opção (ou falta dela), mas dizer que nunca se sente falta de alguém com quem se possa conversar e dividir alguma coisa é um exagero.

Homem e mulher, igualmente, sentem, vez por outra, necessidade de estar ao lado de alguém, de encostar a cabeça no ombro e nem precisar dizer nada, explicar tudo apenas com o olhar. Aquele olhar que denuncia tristeza, frustração, carência, raiva e aquele outro que exprime amor, saudade, alegria, felicidade em rever o outro.
Talvez por isso seja tão difícil manter um relacionamento à distância. É a falta do calor humano, do toque, da respiração. Falta do abraço, do beijo.

Eu, solteira quase convicta, sozinha por falta de opção, senti necessidade de falar hoje sobre isso. Sobre a saudade que sentimos de alguém sem rosto, sem voz. Alguém que esperamos um dia apareça em nossas vidas e nos faça sentir o frio na barriga, o coração disparar. Senti saudades do que ainda não conheço, “do que ainda não vivi”.


PRESENÇA (Mário Quintana)


É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.

Um comentário:

  1. Saudades do que não vivi...
    Vc sempre sentiu isso, né???
    Um dia chega a hora de matar essa saudade toda.
    Bjos

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